O que é o treino em jejum?
O treino em jejum geralmente é realizado nas primeiras horas da manhã, antes de qualquer refeição
Conceito e contexto histórico
O treino em jejum consiste em realizar atividades físicas após um período sem ingestão de alimentos, geralmente pela manhã, após o jejum noturno. Esta prática não é exatamente nova – culturas antigas já praticavam atividades físicas antes das refeições, e caçadores-coletores frequentemente se exercitavam em estado de jejum por necessidade.
Nos últimos anos, com o aumento da popularidade do jejum intermitente, o treino em jejum ganhou atenção renovada na comunidade fitness. O conceito baseia-se na ideia de que, sem carboidratos recentes para usar como combustível, o corpo recorre às reservas de gordura para obter energia durante o exercício.
Quando e para quem ele é indicado
O treino em jejum pode ser particularmente benéfico para:
- Pessoas que buscam reduzir o percentual de gordura corporal
- Indivíduos com boa tolerância a exercícios sem alimentação prévia
- Atletas em fases específicas de periodização de treino
- Pessoas que se sentem desconfortáveis ao treinar após comer
No entanto, não é recomendado para todos. Iniciantes devem começar gradualmente e sempre com acompanhamento profissional. Pessoas com condições médicas como diabetes, hipoglicemia ou distúrbios alimentares devem evitar esta prática ou consultar um médico antes de iniciá-la.

Benefícios do treino em jejum comprovados por estudos
Pesquisas científicas têm investigado os potenciais benefícios do treino em jejum. Embora alguns resultados sejam promissores, é importante entender que a resposta individual pode variar significativamente.
Aumento da queima de gordura
Um dos benefícios mais citados do treino em jejum é o potencial aumento na utilização de gordura como combustível. Quando os níveis de glicogênio estão reduzidos após o jejum noturno, o corpo tende a mobilizar mais gordura corporal para gerar energia.

Estudos demonstram que o treino em jejum pode aumentar a atividade de enzimas responsáveis pela oxidação de gorduras e melhorar a capacidade do corpo de utilizar ácidos graxos como fonte de energia. Um estudo publicado no Journal of Applied Physiology mostrou que atletas treinando em jejum apresentaram taxas 20% maiores de oxidação de gordura comparados aos que se alimentaram antes do exercício.
Melhora da sensibilidade à insulina
A combinação de jejum e exercício físico pode ter efeitos positivos na sensibilidade à insulina, um fator importante na prevenção de diabetes tipo 2 e na regulação do metabolismo.
Quando treinamos em jejum, o corpo mantém níveis mais baixos de insulina, o que pode melhorar a capacidade das células de responder a este hormônio ao longo do tempo. Esta adaptação é particularmente benéfica para pessoas com resistência à insulina ou em risco de desenvolver diabetes.

Impacto nos níveis de GH (hormônio do crescimento)
O hormônio do crescimento (GH) desempenha um papel crucial na recuperação muscular, no metabolismo de gorduras e na saúde geral. Pesquisas indicam que o jejum por si só pode aumentar a produção de GH, e quando combinado com exercícios, este efeito pode ser amplificado.
Um estudo publicado no International Journal of Sports Medicine demonstrou que indivíduos treinando em jejum apresentaram picos de GH significativamente maiores comparados aos que se alimentaram antes do treino. Este aumento pode contribuir para a preservação da massa muscular durante períodos de restrição calórica e potencializar a recuperação pós-treino.
“O treino em jejum pode criar um ambiente hormonal favorável para a queima de gordura e recuperação muscular, mas os resultados variam significativamente entre indivíduos.”
Riscos e como evitar efeitos colaterais

Apesar dos potenciais benefícios, o treino em jejum também apresenta riscos que devem ser considerados e gerenciados adequadamente.
Hipoglicemia e fraqueza
Um dos riscos mais comuns do treino em jejum é a hipoglicemia, caracterizada por níveis baixos de açúcar no sangue. Os sintomas incluem tontura, fraqueza, tremores, sudorese excessiva e, em casos graves, desmaio.
Para minimizar este risco:
- Comece com sessões curtas (15-20 minutos) e aumente gradualmente
- Mantenha-se bem hidratado, preferencialmente com água ou bebidas com eletrólitos
- Esteja atento aos sinais do seu corpo e interrompa o treino se sentir sintomas de hipoglicemia
- Considere suplementos como BCAAs que podem ajudar a preservar o glicogênio muscular
Atenção: Se você sentir tontura severa, confusão mental ou fraqueza extrema durante o treino em jejum, interrompa imediatamente a atividade, sente-se e, se possível, consuma uma fonte rápida de carboidratos.
Quem não deve praticar
O treino em jejum não é recomendado para:
- Gestantes e lactantes
- Pessoas com diabetes tipo 1
- Indivíduos com histórico de hipoglicemia
- Pessoas com distúrbios alimentares
- Indivíduos com baixo peso
- Atletas em fase de ganho de massa muscular

Consulte um profissional de saúde antes de iniciar o treino em jejum, especialmente se você tiver condições médicas preexistentes
Como implementar de forma segura
Para obter os benefícios do treino em jejum minimizando os riscos, é importante seguir algumas diretrizes de implementação.
Tipos de treino ideais
Nem todos os tipos de exercício são igualmente adequados para serem realizados em jejum. Os mais recomendados são:

- Cardio de baixa a moderada intensidade: caminhadas, corridas leves, ciclismo moderado e natação são excelentes opções para iniciar o treino em jejum
- HIIT de curta duração: sessões de 10-15 minutos podem ser eficazes sem esgotar completamente as reservas de glicogênio
- Treinamento de força com cargas moderadas: séries com pesos moderados e períodos adequados de descanso
Evite treinos de alta intensidade e longa duração quando estiver em jejum, especialmente se for iniciante nesta prática.
Tipo de Treino | Adequação para Jejum | Duração Recomendada | Observações |
Cardio leve | Excelente | 30-45 min | Ideal para iniciantes no treino em jejum |
HIIT | Moderada | 10-15 min | Apenas para praticantes experientes |
Musculação | Moderada | 30-40 min | Reduzir cargas em 10-15% |
Endurance | Baixa | Não recomendado | Alto risco de hipoglicemia |
Suplementação inteligente
Alguns suplementos podem ajudar a tornar o treino em jejum mais eficaz e seguro:

- BCAAs (Aminoácidos de Cadeia Ramificada): podem ajudar a preservar a massa muscular durante o treino em jejum, fornecendo aminoácidos essenciais sem interromper significativamente o estado de jejum
- Eletrólitos: fundamentais para manter a hidratação adequada, especialmente durante o jejum quando não há ingestão de eletrólitos através dos alimentos
- Cafeína: pode melhorar o desempenho e aumentar a mobilização de gorduras, sendo uma opção para consumo antes do treino em jejum
- L-Carnitina: pode potencializar o transporte de ácidos graxos para as mitocôndrias, otimizando a queima de gordura
É importante ressaltar que a suplementação pré-treino deve ser feita com cautela e, idealmente, sob orientação de um nutricionista esportivo.
Quanto tempo devo jejuar antes do treino?
O ideal é um jejum de 8-12 horas, que geralmente é alcançado naturalmente ao treinar pela manhã após o sono noturno. Jejuns mais longos podem aumentar os riscos de efeitos colaterais negativos.
Posso beber água durante o jejum?
Sim, e você deve! A hidratação adequada é essencial durante o treino em jejum. Água, chás sem açúcar e café preto (sem adição de leite ou açúcar) são permitidos e recomendados.
O treino em jejum vai me fazer perder músculo?
Se implementado corretamente, o risco é minimizado. Treinos de intensidade moderada, duração adequada e possível suplementação com BCAAs podem ajudar a preservar a massa muscular durante o treino em jejum.
Conclusão: O treino em jejum é para você?

O treino em jejum pode ser uma estratégia eficaz para melhorar a composição corporal e otimizar certos aspectos metabólicos, mas não é uma solução mágica nem adequada para todos. Como qualquer abordagem de treino, deve ser personalizada e adaptada às suas necessidades, objetivos e condição física.
Se você decidir experimentar o treino em jejum, comece gradualmente, monitore sua resposta e ajuste conforme necessário. Lembre-se de que a consistência em uma abordagem que funciona para você é mais importante do que seguir tendências.
Consulte sempre profissionais qualificados antes de fazer mudanças significativas em sua rotina de treino e alimentação, especialmente se você tiver condições médicas preexistentes.
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